Olá, estamos de volta no blog depois de um longo
período sem trazer conteúdo. E já que é ano novo vamos falar de um tema inédito
aqui e que vem ganhando cada vez mais espaço no cenário mundial: os esportes
eletrônicos ou e-sports.
Se você não acompanha ou não é fã, pelo menos já
deve ter visto propaganda nos principais canais de esportes da tv fechada
brasileira sobre algum evento ou seguimento da emissora que realize a cobertura
dos referidos jogos.
Pode parecer mentira para alguns, mas os
e-sports já viraram febre mundial e jovens entre 18 e 30 anos estão ganhando
vida dessa maneira. Prêmios milionários são disputados em diversos campeonatos
ao redor do planeta. Jovens brasileiros estão morando no exterior, recebendo
salários e patrocínios espelhando de maneira parecida o que ocorre nos esportes
tradicionais.
Além disso, o Brasil é uma das referências
mundiais no assunto, Gabriel Sguario, conhecido como Fallen é o capitão da
melhor equipe de Counter Strike do mundo a SK Gaming, que é uma organização
alemã que contratou apenas jogadores brasileiros.
Diante do aumento significativo de campeonatos e
jogadores no Brasil, o governo está entendendo por regulamentar o e-sport. É
isso que pretende o projeto de lei nº 383/2017. Mas o que mudaria caso essa lei
fosse aprovada? Seria benéfico para os jogadores? Nosso blog estudou o projeto
e vamos tecer alguns comentários sobre o que pode melhorar ou piorar, ou ainda,
não mudar nada.
NOMENCLATURA
DE ATLETA
O que mais chamou atenção seria de os jogadores
serem reconhecidos como atletas. Embora o projeto não diga exatamente o que
mudaria com isso, precisamos recorrer a outras leis e fontes para ver no que
resultaria.
Primeiramente, os jogadores seriam regulados
conforme os demais atletas brasileiros, pela lei 9.615/99 (Lei Pelé), a qual
possui uma série de direitos epeciais. Por exemplo, nas relações trabalhistas,
há uma série de requisitos diferenciados, que não se aplicam nas regras gerais
da CLT, como por exemplo:
Jornada de Trabalho – A jornada de trabalho esportiva é de 44 horas
semanais.
Férias
- Férias anuais remuneradas de 30 dias, coincidindo com o período de recesso.
Note que talvez não seja algo bem aceito pela
comunidade uma limitação de horas de jogo, pois jogadores profissionais chegam
a treinar até 12 horas por dia.
POSSIBILIDADE
DE CRIAÇÃO DE CONFEDERAÇÃO, FEDERAÇÃO, LIGAS E ENTIDADES ASSOCIATIVAS
O que poderia ser destacado com uma maior
relevância e teria, com certeza uma utilidade maior para o cenário atual seria
a possibilidade de criação de uma confederação, onde haveria uma melhora na organização
da categoria, e uma estrutura mais com a criação de campeonatos, com
patrocinadores, criação de projetos para que jovens tenham acesso a computadores,
enfim.
Seria interessante a criação de uma
confedereção, há anos possuímos referências nacionais no cenário que tentam
fomentar o e-sport, mas com atitudes isoladas e com pouco apoio de
patrocinadores e do governo.
É necessário um melhor entendimento de como
seria a criação das confederações, de quais seriam os jogos que seriam
considerados como esporte. A lei é muito pequena e genérica.
Será que seriam criados confederações para cada
jogo? E esses jogos são de propriedades de empresas, como funcionaria?
DA
CRIAÇÃO DE CAMPEONATOS
Com a utilização da lei Pelé para regular as
competições estas passarão a obedecer ao enunciado no artigo 26 e seguintes da
lei. Onde é previsto que "Considera-se competição profissional para os
efeitos desta Lei aquela promovida para obter renda e disputada por atletas
profissionais cuja remuneração decorra de contrato de trabalho
desportivo."
Assim, todos os times que participarem dos
torneios devem ter atletas vinculados recebendo valores para disputar os
campeonatos.
No mundo ideal isso seria perfeito, entretanto
não é possível sabermos ainda, ao certo, como isso será recebido pelo país,
pois sem patrocínio não terá possibilidade.
TRANSFERÊNCIA
DE JOGADORES
Assim como no esporte tradicional, o e-sport
também vive o problema das transferências e algumas já são milionárias. Em
sendo regulado pela lei pelé, teríamos um acréscimo importante quanto a isso.
As transferências seguiriam o mesmo processo. O contrato de trabalho seria de
no máximo 5 anos, as partes poderiam pactuar um valor para rescisão (multa
contratual) o que não deixaria as pequenas organizações reféns das grandes, que
é o que tem ocorrido no e-sport internacional.
CONCLUSÃO
O mundo está mudando rapidamente e tudo que
conhecemos parece estar sofrendo alterações. E essas diferenças chegaram nos
esportes. É inegável que o esporte eletrônico virou febre mundial e não há
idade para ser jogador, seja casual ou competitivo. O Brasil precisa se
preparar para essas modificações, entretanto não acredito que apenas
intitulando os jogadores como atletas resolva o problema.
O esporte eletrônico é muito diferente do
tradicional e necessitaria de uma regulamentação própria, como por exemplo a
quantidade de horas que um jogador consegue ficar na frente do computador é
muito maior que a de um jogador de futebol. Entretanto, o projeto de lei
estudado, talvez seja o primeiro passo. Entendemos necessário ser criada de
forma urgente uma confederação que regule essa nova modalidade, estabelecendo
normas específicas para cada modalidade.
O Brasil, mesmo sem dar o devido apoio, é
referência mundial no assunto e não podemos deixar nossos jogadores saírem do
país para representar instituições estrangeiras como ocorre atualmente, temos
que fortalecer o cenário, criar uma identidade, fomentar patrocínios e criar
campeonatos.
Pois, caso você não saiba os fãs dos e-sports
também lotam estádios: